15/05/2015 19:34:00

Eletricista que roubou para comer é chamado para teste de emprego

Marília Assunção, especial para a AE/Agência Estad
O eletricista Mário Ferreira Lima, de 47 anos, - detido depois furtar 2 kg de carne e, em seguida, solto após policiais pagarem a fiança - foi chamado nesta sexta-feira, 15, para um teste de emprego em Brasília. Lima foi preso na quarta-feira, quando carregava escondida na bolsa uma embalagem com carne, dentro de um supermercado em Santa Maria, no Distrito Federal.

Os policiais que registraram a ocorrência no 20º Distrito Policial do DF, no Gama Oeste, ficaram comovidos ao perceberam a desnutrição do desempregado. O eletricista vive só com um filho de 12 anos, depois que a esposa, doente, teve de morar com outros parentes, deixando os dois na casa do Jardim Ingá, bairro entre Luziânia e Valparaíso de Goiás, municípios goianos do entorno do Distrito Federal.

Ele alegava que sobrevivia com R$ 70 do programa Bolsa Família e que estava sem comer havia dois dias, o que foi constatado na delegacia por uma equipe médica. Na quinta-feira, emocionado, contou que roubou a carne após descobrir que o dinheiro do Bolsa Família referente ao mês de maio não tinha sido depositado ainda. O filho também não continha as lágrimas pela situação de penúria e pelo susto que a prisão causou.

Ao ser solto, o que ocorreu apenas porque os agentes pagaram a fiança de R$ 270 reais, ele acabou ganhando também alimentos que a equipe de policiais comprou após constatarem que Lima falava a verdade.

Na casa do desempregado, os policiais se surpreenderam com a simplicidade e a geladeira vazia, em contraste com o carinho e os cuidados do eletricista com o filho. Eles compraram carnes, ovos, frutas e material de limpeza. "Foram anjos que apareceram na minha vida", disse Lima, se referindo aos quatro policiais que o ajudaram.

O caso do trabalhador pode ser interpretado como "furto famélico", gesto praticado para saciar a fome, sem intenção de lucro. Caberá à Justiça avaliar o caso e liberar o eletricista de responder por roubo comum.

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