03/10/2016 16:46:00 - Atualizado em 04/10/2016 16:09:00

Desembargador que anulou julgamentos do Carandiru mandou prender homem por furto de oito chocolates

Por Luís Adorno/RedeTV!


Desembargador Camilo Léllis (Foto: Divulgação/TJ-SP)

Em 9 de agosto deste ano, o desembargador Camilo Léllis mandou para a cadeia um rapaz acusado de furtar oito chocolates em Rio Claro, interior de São Paulo. Menos de dois meses depois, Léllis foi um dos três magistrados que votaram, de forma unânime, a favor da anulação dos julgamentos que condenaram 73 PMs, além do falecido Coronel Ubiratan Guimarães, a penas que variavam entre 48 e 624 anos de prisão, pelo Massacre do Carandiru.

A. A. M., acusado de ter cometido o crime em 21 de maio de 2013, por volta das 8h15, foi condenado por Camilo Léllis a um ano de prisão, em regime inicial semiaberto, além do pagamento de uma multa, por ter furtado as barras de chocolate da marca Lacta, avaliadas em R$ 39,92 ao total. De acordo com a denúncia do Ministério Público, após o furto, ele fugiu, de bicicleta, foi perseguido e, ao cair, admitiu a PMs que não havia pago pelo chocolates.

De acordo com a PM, o rapaz que furtou as oito barras de chocolate estava foragido da Justiça. Ele havia sido preso anteriormente também por prática de furto. Para Léllis, "não há que se falar em bagatela". Em sua decisão, ele determinou que "o princípio da insignificância não encontra previsão legal no ordenamento jurídico pátrio", escreveu. "Assim, para a incidência, não deve ser analisado friamente o valor", complementou.


Decisão do desembargador Camilo Léllis (Foto: Reprodução/TJ-SP)

Para o magistrado, não condenar o rapaz seria um "precedente perigoso" e "ao invés de promover justiça, acarretaria o fomento de pequenos delitos". Assim, ele conclui que "a aplicação da pena se faz necessária para atingir sua finalidade de prevenção geral positiva (…) para que não se banalize a prática de furtos de pequeno monte, em prejuízo de pessoas trabalhadoras que precisam conviver com a sensação de impotência".


Decisão do desembargador Camilo Léllis (Foto: Reprodução/TJ-SP)

O desembargador é o mesmo que condenou, sem provas, uma mulher a cinco anos de prisão por portar uma grama de crack, conforme divulgou o site Justificando. Léllis compôs a mesa de magistrados que anulou os julgamentos do Massacre do Carandiru, em que o relator, Ivan Sartori, afirmou que os "detentos que entregaram armas saíram ilesos".

ONU deplora decisão do TJ de anular condenações do Massacre do Carandiru. Assista:

Vídeo: Vereador eleito é preso com 300 kg de droga

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