Campanhas no Facebook arrecadam absorventes para presidiárias

Iniciativa começou após denúncias feitas pela jornalista Nana Queiroz (Foto: Divulgação/Presos que Menstruam)

Internautas criaram eventos no Facebook para arrecadar absorventes e outros produtos de higiene para mulheres em presídios. Até agora, a arrecadação se estendeu a presidiárias de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul. Mais de 10 mil pessoas já confirmaram participação nas campanhas.

A iniciativa nasceu após a jornalista Nana Queiroz, a mesma que criou a campanha "Não mereço ser estuprada", denunciar em seu livro "Presos que Menstruam", lançado em julho, a situação das mulheres que vivem em cadeias pelo país. Nana conta que, por mês, essas mulheres recebem um kit básico que inclui dois rolos de papel higiênico e dois pacotes com oito absorventes - que são insuficientes em casos de grande fluxo menstrual.

Em um dos trechos, a jornalista descreve que as presidiárias chegam a usar miolo de pão como absorvente e jornais velhos como papel higiênico, quando o kit acaba. Uma realidade compartilhada entre as pouco mais de 36 mil mulheres que vivem nas prisões do país, segundo dados recentes do Ministério da Justiça, divulgados em 2013.

Ao portal da RedeTV!, Nana conta que a iniciativa foi um "banho de esperança" . "Estou emocionada. Inicialmente, os comentários raivosos de internautas nas matérias sobre meu livro tinham me destruído, mas essa movimentação foi um afago, um banho de esperança. Ainda tem gente que acredita na reabilitação no Brasil. Gente que quer reconstruir, não apenas punir!".

Tsunami do bem

A criadora do evento para as presidiárias de São Paulo, Andreia Chulvis, explica que a arrecadação começou exatamente na última sexta-feira (24). Ela criou o evento público no Facebook e, em 24 horas, 500 pessoas já haviam confirmado presença. 

"O movimento tomou uma proporção muito maior do que eu imaginei. A princípio eu pensei que arrecadaria com as pessoas mais próximas até descobrir que poderia criar um evento público no Facebook. Aí foi como um tsunami, só que bom", conta ela em conversa com o portal da RedeTV!. "O plano A eram os coletores, mas é inviável porque a higienização deles é muito criteriosa, o que não é possível no momento dentro das prisões".

No Rio, a campanha ficou por conta do Coletivo Saaanta Mãe. "Nos sensibilizamos com a necessidade dessas mulheres, e, a fim de levar um pouco mais de dignidade a elas, nos unimos para ajudar", escreve o Coletivo Saaanta Mãe, que está organizando a campanha no Rio. "Por mais simples que possa parecer, isso fará uma grande diferença na vida dessas mulheres".

Imagens de caixas para arrecadação publicadas no Facebook (Foto: Reprodução/Facebook)

Arrecadação e entrega

Andreia explica que a arrecadação irá ocorrer todo o mês de agosto e que os produtos serão entregues às mulheres pela Pastoral Carcerária, uma organização que faz trabalhos em prisões no Brasil e recebe doações durante todo o ano. 

Ela explica que o principal objetivo da campanha é tornar essas mulheres visíveis. "A falta de atenção é evidente e o propósito dessa iniciativa é, em primeiro lugar, fazer com que essas mulheres não sejam mais invisíveis, queremos levar um pouco de dignidade a elas".

Para participar é só escolher um ponto de arrecadação mais próximo e fazer a doação. Os locais estão disponíveis nas páginas das campanhas em São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul na rede social.