14/04/2016 15:47:00 - Atualizado em 14/04/2016 15:58:00

Camelôs ajudam mulher a recuperar celular roubado em trem no Rio

Lyncon Pradella/ Redação RedeTV!

Camila registrou um selfie com os ambulantes que lhe ajudaram a recuperar seu celular (Foto: Reprodução/Facebook/Camila d'Paula)

A jornalista Camila d'Paula teve seu celular roubado enquanto fazia uma viagem de trem entre as estações Queimados e Madureira, da linha Ramal Japeri, no Rio de Janeiro, na quarta-feira (13). O que ela não esperava é que iria recuperar o aparelho logo em seguida após receber ajuda de vendedores ambulantes que trabalhavam no local. Aliviada, ela fez um relato em sua conta no Facebook para agradecer os rapazes. 

Na publicação, Camila explica que havia acabado de comprar o smartphone e que por isso "fez um escândalo". "Saí gritando feitou louca 'volta aqui, safado! Pega ladrão!'", disse. Em seguida, ela afirma que todos os camelôs que estavam no transporte saíram correndo atrás do bandido.

"[Eles] recuperaram meu celular e me devolveram. O cara, grande herói, que veio na contramão, já na rua, foi quem realmente tomou, nem sabia de quem era e chegou procurando o dono para entregar. Ele estava de bicicleta, podia ir embora, mas procurou o dono do celular. Gente, menção honrosa para essa turma 'lacradora' que me ajudou", escreveu a carioca.

Camila ainda aproveitou a situação ainda para elogiar os camelôs. "Eles [ambulantes] fizeram questão de dizer: 'colega, enquanto tiver camelô você não é roubada. A gente não deixa. É aqui que a gente ganha nosso pão a vida inteira e vagabundo não tem vida fácil'. Entenderam? São eles quem têm esse cuidado! São eles, tão perseguidos", desabafa.

A carioca termina o relato agradecendo o apoio que também recebeu de um policial, que estava no local apenas como passageiro.

Em entrevista ao portal da RedeTV!, a jornalista acrescentou que, mesmo antes do acontecimento, sempre teve uma opinião positiva sobre os vendedores que trabalham nos trens. "Sempre os achei muito educados. Uma educação mais bruta, mas com um código de conduta bem definido. Eles sempre pedem desculpas quando esbarram em alguém e pedem licença ao começarem a se expressar. Usam a criatividade para chamar atenção, têm um jeito de cantar, de falar, alguns são humoristas natos", disse a carioca natural de Santa Tereza e que há três anos mora na Baixada Fluminense para tocar um projeto profissional. "Aquele trem é deles. Por isso eles cuidam tão bem, eles utilizam como veículo de subsistência desde a infância, às vezes é passado de pai para filho", completou.

Ela ainda contou que já foi assaltada outras vezes. "Fui assaltada três vezes na zona sul, ninguém se mexeu para me ajudar e eu gritei da mesma forma. Mas lá é diferente", disse.

Por fim, Camila pediu para as pessoas terem respeito pelos camelôs. "Entendam que eles [vendedores ambulantes] são um elemento cultural do Rio de Janeiro, o do trem especificamente. Pelos trejeitos, pela forma de se expressar etc", concluiu, mas sem antes fazer um alerta. "Não se deve reagir a um assalto e nem linchar pessoas em praça pública. Mas se estiver no meio da multidão, gritem! Façam um escândalo".

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