30/01/2015 11:13:00 - Atualizado em 30/01/2015 11:15:00

Afastados, PMs que executaram jovem com 10 tiros não devem voltar à corporação

Por Luís Adorno/RedeTV!

Os PMs (policiais militares) Gilberto Dartora e Rodrigo Gimenez Coelho, que executaram Thiago Vieira da Silva, de 22 anos, na noite de 9 de dezembro de 2014, no Jardim São Luís, zona sul de São Paulo, não devem voltar à ativa. A afirmação foi dada à RedeTV! por mais de uma fonte ligadas à SSP (Secretaria da Segurança Pública) e que acompanham o caso. No entanto, o inquérito policial militar ainda está em andamento.

Os agentes foram identificados e afastados após uma série de reportagens desenvolvidas em parceria entre o portal da RedeTV! e a equipe do RedeTV News. Dartora e Coelho, da 1ª Companhia do 1º Batalhão da Polícia Militar, não respeitaram a orientação dada a todos os agentes de segurança pública do Estado de São Paulo, conhecida como método Giraldi, que determina apenas dois disparos para conter um suspeito. Os policiais atiraram 10 vezes contra Thiago, sendo que, depois do primeiro, o jovem já desacordou.

ASSISTA AO VÍDEO DA EXECUÇÃO:

 
ENTENDA O CASO DESDE O INÍCIO:
- Por volta das 23h50 de terça-feira (9), Thiago Vieira da 
Silva, de 22 anos, foi executado por dois PMs

Na quarta-feira (10), a equipe da RedeTV! foi até 
o local. O governo, afirmou que houve tiroteio; 
todos os moradores locais desmentiram

Com o Boletim de Ocorrência em mãos, os 
policiais Gilberto Dartora e Rodrigo Coelho 
foram identificados como os autores da execução. 
Eles, até a manhã do dia 12, não haviam 
sido afastados

O ouvidor das polícias de SP pediu ao MP, DHPP 
e Corregedoria que o assassinato fosse investigado

Na tarde do dia 12, os policiais foram afastados 
e serão investigados, com o risco de serem 
exonerados da função

Prefeitura de SP divulgou nota de pesar, citando 
as reportagens da RedeTV!

- Exclusivo: mãe de jovem morto por PMs
contesta versão da polícia

- MP diz que vai investigar o caso em 2015

 
Thiago Vieira da Silva trabalhava no comércio de seu pai, que fica próximo de onde ele foi executado. Naquela noite, ele voltava de uma casa noturna com dois amigos. Segundo um dos colegas que estava com ele, o jovem levada um outro rapaz, que estava embriagado, em casa. A SSP (Secretaria da Segurança Pública) afirmou que, durante a abordagem, houve tiroteio. A pasta também disse que ele estava com drogas em uma mochila. As duas hipóteses foram desmentidas tanto pelo video gravado por moradores locais quanto por testemunhas oculares. 

Após Thiago Vieira da Silva clamar socorro, desesperado, três vezes, o policial Gilberto Dartora deu quatro disparos seguidos. Depois, o PM Rodrigo Gimenez Coelho, que estava na cobertura, também atirou. Ao todo, o jovem foi alvejado 10 vezes. Um morador da região afirma que, depois da execução, os policiais voltaram ao local para revistar os celulares das pessoas. “Chegou, apontou a arma e falou para mim virar pra parede, e pediu o celular. Queria ver se tinha vídeo”, disse.

Só depois de 10 dias da execução, o subprocurador geral institucional do MP (Ministério Público) de São Paulo, Gian Paolo Poggio Smanio, assinou o despacho para que houvesse investigação da Promotoria sobre os policiais militares. Para que isso ocorresse, um ofício da Ouvidoria das Polícias de São Paulo e da prefeitura chegou a MP. Os documentos, porém, chegaram ao órgão quatro dias antes da assinatura do despacho.

Faltando seis dias úteis para o fim de 2014, o MP afirmou que o caso seria investigado apenas em 2015. Os motivos não foram informados. Até o momento, o órgão responsável pela investigação, o Gacep (Grupo de Atuação Especial para o Controle Externo de Atividade Policial), não concluiu o caso, que segue em andamento.

ouvidor das polícias de São Paulo, Julio Cesar Neves, condenou a abordagem dos policiais. “O policial militar não está aí para matar alguém, para executar uma sentença de morte. O policial militar está aí para prender e para levar esse cidadão para um distrito policial”, afirmou. A Ouvidoria pediu ao MP (Ministério Público), ao DHPP (Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa) e à Corregedoria da Polícia que investiguem o caso.

Em nota, a SSP afirmou que os PMs prenderam em flagrante Leandro Pereira dos Santos, de 20 anos, com uma bolsa carregada de drogas, depois de a corporação ter sido acionada para atender uma denúncia de tráfico. A pasta afirma que o rapaz detido se entregou, e Thiago, tentou fugir. A SSP afirma, ainda, que ao lado do corpo foi encontrado um revólver calibre 38. Versão desmentida por todos aqueles que presenciaram a execução.

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