28/11/2017 15:27:00 - Atualizado em 28/11/2017 19:31:00

Treinado por van Gaal, lateral revelado no Bahia conta segredos do técnico e nega antipatia do holandês por brasileiros

Nelson Coltro/RedeTV!

Ramon defende as cores do SønderjyskE, da Dinamarca (Foto: Divulgação/SønderjyskE Fodbald)

Ramon Rodrigues faz parte de um grupo de jogadores brasileiros que fazem sucesso em países alternativos da Europa, mas que pouco ou nunca atuaram profissionalmente no Brasil. Aos 27 anos, o lateral-direito tem uma trajetória curiosa no Velho Continente e se orgulha de ter trabalhado com grandes técnicos do futebol mundial e de ter virado ídolo em um clube eslovaco. 

Mas a sua história no futebol começou como a de qualquer outro menino, nas categorias de base do Bahia. Considerado destaque por seu porte físico, alto e forte, Ramon chamou a atenção de olheiros do AZ Alkmaar, da Holanda, em 2009. 

Na equipe holandesa atuou nas categorias sub-19, sub-21 e treinou com os profissionais, onde trabalhou com renomados técnicos do futebol mundial, como Louis van Gaal, Ronald Koeman e Dick Advocaat, fato que é motivo de orgulho para Ramon. Mas foi van Gaal quem mais marcou a carreira do brasileiro. 

"Com van Gaal aprendi muita técnica, posicionamento, essas coisas. Ele era estilo autoritário, então tive que entrar na linha. Ele exigia camisa por dentro do calção, meião até o joelho, tênis, pois não podia sandália", conta o aprendiz do técnico que comandou a Holanda na Copa do Mundo de 2014.


Segundo Ramon, van Gaal exigia muito de seus atletas (Foto: Arquivo pessoal)

Conhecido pela relação ruim com Rivaldo, quando os dois trabalharam juntos no Barcelona, van Gaal ganhou a fama de "não gostar de brasileiros". Com Ramon, no entanto, aconteceu o oposto. Foi o próprio técnico que deu o aval para que o AZ oferecesse um contrato ao lateral baiano.

"Ele gosta de jogador que jogue para o time. Ele só é 'chato' com disciplina, preocupado com horários. Se você atrasasse 10 segundos ele falava muito. Horário com ele tinha que ser firme. Mas ele tem vivência, gosta de conversar com o jogador, depois dos jogos e dos treinos, saber o que cada um está achando do trabalho. É um grande profissional", diz o brasileiro. 

Autoritarismo de van Gaal à parte, o jogador que está na Dinamarca atualmente lembra da boa relação que tinha com outro treinador holandês de sucesso: Ronald Koeman. Ramon afirma que o ex-técnico de Benfica, Valencia, PSV, entre outros, lhe daria chances, antes de uma lesão atrapalhar seu momento no AZ. 

"Me dava muito bem com o Koeman. Aprendi muita noção de passe com ele, pois é um treinador que valoriza muito os jogadores que tem bom passe. A gente tinha uma boa relação, mas infelizmente me lesionei nessa mesma época", lamenta o jogador. 

Idolatria na Eslováquia e Liga dos Campeões

Depois do AZ, Ramon se acertou com o modesto AS Trencin, da Eslováquia, onde fez história. Durante suas três temporadas, foi campeão do Campeonato Eslovaco, da Copa da Eslováquia, além de um vice do torneio nacional. Por lá, também foi eleito o melhor zagueiro do campeonato em duas temporadas seguidas. 


Ramon foi campeão e melhor zagueiro do Campeonato Eslovaco (Foto: Arquivo pessoal)

Antes dele, o time que joga em um estádio para 4.500 pessoas jamais havia conquistado o troféu na era moderna. O último caneco nacional levantado pelo Trencin havia sido na temporada 1962/63, quando a Eslováquia ainda fazia parte da Tchecoslováquia. Por essas e outras, Ramon conta que tem status de ídolo no time do leste europeu. 

"A relação com o clube e os torcedores é maravilhosa. Eles nunca tinham conseguido serem campeões e em dois anos conseguimos títulos para a cidade. Fiquei marcado na história deles", comemora Ramon.

Os títulos locais levaram o Trencin para a disputa das fases preliminares da Liga dos Campeões, onde o time acabou eliminado pelo tradicional Steua Bucareste, da Romênia, após perder por 2 a 0 em casa e vencer por 3 a 2 na casa do adversário. "Posso dizer que foi a melhor sensação da minha vida poder jogar a Liga dos Campeões", conta.

Sonho de voltar ao Brasil

Atualmente, Ramon joga pelo SønderjyskE, da primeira divisão da Dinamarca. No clube, acabou de ser eleito melhor jogador dos meses de setembro e outubro. Antes de seu atual time, defendeu as cores do Nordsjaelland, campeão nacional do país na temporada 2011/12. Porém, ele admite que seu sonho é voltar a jogar no Brasil.

"É meu sonho. Estou praticamente há 10 anos na Europa. Praticamente não joguei no Brasil, só sete jogos pelo Bahia na Série B e algumas partidas pelo Estadual. Aqui aprendi muita coisa, tive progresso, mas sinto falta do futebol brasileiro", finaliza. 

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