Palestino, que enfrentará o Boca na Libertadores, 'leva um pouco de alegria' ao Oriente Médio
Por André Lucena e Luís Adorno, do portal da RedeTV!O Palestino, do Chile, fez história na última quinta-feira (12) ao eliminar o Nacional, do Uruguai, na Pré-Libertadores. Mesmo com a derrota por 2 a 1 em Montevidéu, o time chileno voltará a disputar a fase de grupos da Copa Libertadores da América após 36 anos fora da competição. Na partida de ida, o “Tino tino” venceu o jogo por 1 a 0, em Santiago.
A equipe vai enfrentar Boca Juniors (Argentina), Zamora (Venezuela) e Montevideo Wanderers (Uruguai) no Grupo 5 do principal torneio do futebol sul-americano. Entretanto, o Palestino, apesar de não ser considerado grande, não é um clube qualquer. Além do futebol, a equipe leva um pouco de alegria aos palestinos, no Oriente Médio, que vivem sob constante conflito com israelenses.
Na Libertadores de 1978, a equipe chilena conseguiu a proeza de bater o São Paulo, então campeão Brasileiro. O jogo foi realizado na capital paulista e o Palestino venceu por 2 a 1. O elenco chileno era considerado fortíssimo. O plantel ficou invicto por 44 partidas entre julho de 1977 e setembro de 1978. Este, inclusive, é o maior período de invencibilidade do futebol chileno até hoje.
Em 1979, o Palestino chegou às semifinais da Libertadores, mas acabou eliminado pelo campeão Olimpia, do Paraguai. Na década de 1980, o clube assumiu o estádio municipal de La Cisterna, em Santiago, após a Universidad de Chile não renovar o empréstimo do local por seu estado precário. O estádio não estava apto a receber jogos da primeira divisão e precisou ser reformado quase que por completo.
O uniforme do Palestino leva as cores da bandeira palestina. Desde o começo de 2014, o time utilizou o mapa histórico do país no uniforme, substituindo o número um. Foi uma forma de aprofundar a relação do time com as origens e mostrar que, mais do que uma comunidade do Chile, o time é um legítimo representante da Palestina.
A reabertura do La Cisterna aconteceu em 7 de setembro de 1988 contra o Puebla, do México. O estádio estava com sua capacidade máxima de torcedores (12 mil pessoas) que, mesmo após a derrota por 3 a 1, gritaram "México, México" em uma clara demonstração de espírito esportivo. Apesar de dificilmente lotar o estádio atualmente, se todos os palestinos do mundo quisessem assistir uma partida no local, 99,9% ficariam fora, já que existem 12 milhões de palestinos existem no mundo.
Talita Alessandra, ativista da causa palestina em São Paulo, explica que o Banco da Palestina, principal patrocinador do clube, instalou telões nos territórios palestinos para transmitir os jogos. “Além do futebol, o time contribui para a difusão da causa palestina no mundo. Inclusive, alguns jogadores que passaram pelo Palestino foram jogar na seleção palestina. Lá, o povo acompanha o time como se fosse de lá mesmo, pelas transmissões dos jogos”, afirma ao portal da RedeTV!.
O assessor político da Palestina no Chile também disse recentemente que “para nós é importante saber que o povo da Palestina tem, ao menos, uma hora e meia, que é o que dura a partida, de um pouco de tranquilidade e de alegria”. O sentimento também foi exposto pelo treinador do Palestino, Diego Guede, assim que a equipe se classificou para a fase da Pré-Libertadores de 2015. “Não tem preço levar alegria em 90 minutos para o povo da Palestina, que é tão sofrido”.
Talita diz que esse sentimento é forte no país por causa da comunidade palestina local. “O Chile é o país em que está a maior parte da comunidade palestina fora dos países árabes. O time foi formado por imigrantes palestinos e descendentes. O clube chileno é como se fosse parte da seleção palestina, como uma sequência, por representar o povo palestino fora da Palestina”, explica.
Na última grande ofensiva israelense, iniciada em 8 de julho de 2014, na Faixa de Gaza, pelo menos 2.016 palestinos morreram, segundo dados oficiais. Outros 10.196 ficaram feridos. Entre as vítimas fatais, 541 eram crianças, 250, mulheres, e 95, idosos. Do outro lado, o balanço inclui 64 soldados israelenses mortos.
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