13/02/2015 12:29:00 - Atualizado em 13/02/2015 13:03:00

Palestino, que enfrentará o Boca na Libertadores, 'leva um pouco de alegria' ao Oriente Médio

Por André Lucena e Luís Adorno, do portal da RedeTV!

O Palestino, do Chile, fez história na última quinta-feira (12) ao eliminar o Nacional, do Uruguai, na Pré-Libertadores. Mesmo com a derrota por 2 a 1 em Montevidéu, o time chileno voltará a disputar a fase de grupos da Copa Libertadores da América após 36 anos fora da competição. Na partida de ida, o “Tino tino” venceu o jogo por 1 a 0, em Santiago.

A equipe vai enfrentar Boca Juniors (Argentina), Zamora (Venezuela) e Montevideo Wanderers (Uruguai) no Grupo 5 do principal torneio do futebol sul-americano. Entretanto, o Palestino, apesar de não ser considerado grande, não é um clube qualquer. Além do futebol, a equipe leva um pouco de alegria aos palestinos, no Oriente Médio, que vivem sob constante conflito com israelenses.

'Tino tino'
Fundado por imigrantes palestinos em 20 de agosto de 1920, em Osorno, no sul do Chile, o Club Deportivo Palestino permitia somente jogadores de origem árabe. Após 32 anos atuando na categoria amadora, o time se abriu a atletas de todas as origens. Com isso, a equipe começou a ter espaço no futebol chileno. Entre os títulos mais importantes da história do Palestino estão os Campeonatos Chileno de 1955 e de 1978, e a Copa Chile de 1975 e de 1977. O clube ainda conquistou a segunda divisão em 1952 e em 1972.

Na Libertadores de 1978, a equipe chilena conseguiu a proeza de bater o São Paulo, então campeão Brasileiro. O jogo foi realizado na capital paulista e o Palestino venceu por 2 a 1. O elenco chileno era considerado fortíssimo. O plantel ficou invicto por 44 partidas entre julho de 1977 e setembro de 1978. Este, inclusive, é o maior período de invencibilidade do futebol chileno até hoje.

Em 1979, o Palestino chegou às semifinais da Libertadores, mas acabou eliminado pelo campeão Olimpia, do Paraguai. Na década de 1980, o clube assumiu o estádio municipal de La Cisterna, em Santiago, após a Universidad de Chile não renovar o empréstimo do local por seu estado precário. O estádio não estava apto a receber jogos da primeira divisão e precisou ser reformado quase que por completo.

O uniforme do Palestino leva as cores da bandeira palestina. Desde o começo de 2014, o time utilizou o mapa histórico do país no uniforme, substituindo o número um. Foi uma forma de aprofundar a relação do time com as origens e mostrar que, mais do que uma comunidade do Chile, o time é um legítimo representante da Palestina.

A reabertura do La Cisterna aconteceu em 7 de setembro de 1988 contra o Puebla, do México. O estádio estava com sua capacidade máxima de torcedores (12 mil pessoas) que, mesmo após a derrota por 3 a 1, gritaram "México, México" em uma clara demonstração de espírito esportivo. Apesar de dificilmente lotar o estádio atualmente, se todos os palestinos do mundo quisessem assistir uma partida no local, 99,9% ficariam fora, já que existem 12 milhões de palestinos existem no mundo.

Talita Alessandra, ativista da causa palestina em São Paulo, explica que o Banco da Palestina, principal patrocinador do clube, instalou telões nos territórios palestinos para transmitir os jogos. “Além do futebol, o time contribui para a difusão da causa palestina no mundo. Inclusive, alguns jogadores que passaram pelo Palestino foram jogar na seleção palestina. Lá, o povo acompanha o time como se fosse de lá mesmo, pelas transmissões dos jogos”, afirma ao portal da RedeTV!.

O assessor político da Palestina no Chile também disse recentemente que “para nós é importante saber que o povo da Palestina tem, ao menos, uma hora e meia, que é o que dura a partida, de um pouco de tranquilidade e de alegria”. O sentimento também foi exposto pelo treinador do Palestino, Diego Guede, assim que a equipe se classificou para a fase da Pré-Libertadores de 2015. “Não tem preço levar alegria em 90 minutos para o povo da Palestina, que é tão sofrido”.

Talita diz que esse sentimento é forte no país por causa da comunidade palestina local. “O Chile é o país em que está a maior parte da comunidade palestina fora dos países árabes. O time foi formado por imigrantes palestinos e descendentes. O clube chileno é como se fosse parte da seleção palestina, como uma sequência, por representar o povo palestino fora da Palestina”, explica.

Na última grande ofensiva israelense, iniciada em 8 de julho de 2014, na Faixa de Gaza, pelo menos 2.016 palestinos morreram, segundo dados oficiais. Outros 10.196 ficaram feridos. Entre as vítimas fatais, 541 eram crianças, 250, mulheres, e 95, idosos. Do outro lado, o balanço inclui 64 soldados israelenses mortos.

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