23/06/2016 18:35:00 - Atualizado em 27/06/2016 19:15:00

Brasileiro que estagiou com 'Discípulo de Mourinho' sonha em virar técnico de futebol

Nelson Coltro/RedeTV!


André Villas-Boas e Thiago Brieger no treino do Zenit (Foto: Arquivo pessoal)

Thiago Brieger, 29, é um professor de educação física formado na UNAERP, em Ribeirão Preto, que sonha em ser treinador de futebol. Em janeiro de 2015, ele teve uma oportunidade única: a chance de estagiar no Zenit, da Rússia, com André Villas-Boas, técnico português que é seu ídolo e inspiração na profissão.

No entanto, o caminho para que Thiago conseguisse o estágio com o treinador considerado o 'Discípulo de Mourinho' foi de muita persistência e coragem. 

Villas-Boas foi auxiliar de José Mourinho no Chelsea (Foto: Reuters)

O ribeirão-pretano conta que sua admiração pelo técnico português surgiu quando José Mourinho ainda era treinador do Porto e Villas-Boas, seu assistente. "Eu admirava muito o Mourinho e sua comissão técnica no Porto. Então quando o Villas-Boas decidiu seguir carreira, fui atrás de informações sobre ele", conta o professor de educação física.

Thiago concorda que ser treinador de futebol sem ter sido atleta profissional é o caminho mais complicado e, também por isso, Villas-Boas é um exemplo. "Assim como Mourinho, ele nunca havia sido jogador profissional e foi adquirir todo o seu conhecimento técnico de outras maneiras", diz.

Decidido a entrar no ramo, Thiago colocou na cabeça que queria conhecer Villas-Boas e montou um planejamento: começaria a juntar dinheiro para não ser pego de surpresa caso aparecesse uma oportunidade, montou planos de análises táticas e estatísticas para apresentar aos clubes e também fez vídeos no YouTube se promovendo.

Depois de meses sem sucesso na internet, a sorte do professor começou a mudar. No dia da premiação da Fifa que elegeu Cristiano Ronaldo como o melhor jogador do mundo em 2014, Thiago assistia à ESPN, quando ficou sabendo que um dos convidados do canal, o jornalista português João Almeida Moreira, estava hospedado em Ribeirão Preto, cidade onde morava. Na mesma hora Thiago começou a procurá-lo nas redes sociais para tentar se apresentar.

"Acabei o encontrando no Facebook e um dia depois ele marcou uma entrevista na casa dele. João foi muito legal comigo, conversamos por mais ou menos duas horas e ele me disse que tentaria publicar a entrevista no jornal A Bola", conta Thiago. 


Jornalista João Almeida Moreira levou a história do brasileiro até a imprensa portuguesa
(Foto: Reprodução/A Bola)

Dito e feito. Três semanas após a conversa, a matéria foi publicada no jornal português. No entanto, meses se passaram e nada aconteceu. Foi então que, um senhor chamado Paulo Lima ofereceu para Thiago uma oportunidade de estágio em seu time, o União Desportiva Vilafranquense. Sem pensar duas vezes, o brasileiro fez as malas e foi para Portugal. Nesse momento, as coincidências voltaram a acontecer.

"Exatamente uma semana após chegar na minha caixa de e-mail o itinerário da minha viagem com as datas, foi o sorteio de grupo da Liga do Campeões. Por um capricho do destino, caíram no mesmo grupo Benfica e Zenit e eles jogariam em Lisboa exatamente no mesmo período que eu estaria lá", detalha.

Com a ajuda de um jornalista chamado Pedro Martins, Thiago entrou na sala onde Villas-Boas concederia entrevista coletiva antes da partida. No término da conversa com os jornalistas, o brasileiro teve sua grande chance de ficar cara a cara com o técnico e convencê-lo a lhe dar uma oportunidade.


Thiago com Villas-Boas após coletiva de imprensa da Liga dos Campeões
(Foto: Arquivo pessoal)

"Eu sabia que teria um minuto para cativá-lo, então fui objetivo: disse que sou uma pessoa determinada e focada que gostaria de uma chance de estar com a equipe dele para poder absorver o máximo de conhecimento. Então ele me disse que já tinha conhecimento sobre mim desde a matéria feita pelo João", revela o brasileiro.

Após a rápida conversa, Villas-Boas convidou Thiago para participar da pré-temporada do clube em Doha, no Qatar, e posteriormente na Rússia. "Eu ficava o dia inteiro no CT. Fiquei muito amigo dos preparadores físicos José Mário, Daniel Souza e Pedro, eles foram meus padrinhos", diz Thiago.

Ele conta que Villas-Boas trabalhava muito e pensava em futebol o tempo todo, mas mesmo assim não deixou de lhe dar atenção. "Ele é uma pessoa muito focada e profissional, respira futebol 24 horas, mas quando tinha um tempo livre me dava total atenção", revela. 

Depois da experiência no Zenit com o ídolo André-Villas Boas, o professor retornou ao Brasil e sua vontade de ser treinador de futebol só aumentou. Thiago revela que tem feito contatos buscando uma oportunidade no país.

"O Brasil oferece os jogadores de maior qualidade técnica no mundo do futebol. A parte ruim é o imediatismo e falta de paciência. Brasileiro não gosta de competir, gosta de ganhar", opina.

Atualmente, Thiago continua no meio do futebol. Em Ribeirão Preto, o professor tem trabalhado como técnico do time de futebol da UNAERP.

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