25/02/2016 17:47:00 - Atualizado em 28/02/2016 17:27:00

Brasileiro conta como saiu da várzea e foi jogar em Antígua e Barbuda, no Caribe

André Lucena/RedeTV!

Você já ouviu falar de Antígua e Barbuda? O país constituído por 37 ilhas - várias delas inabitadas - situadas entre o mar do Caribe e o Oceano Atlântico foi o destino do brasileiro Daniel Calvi. Ele jogava futebol de várzea pelo Vasco do Paraíso, de Guarulhos-SP, quando Celso, o dono do time, o indicou para atuar pelo Five Islands Football Club, da capital Saint John.

"Nunca tive empresário. Fiz contratos só de boca, sabe, com alguns caras que já me ajudaram na minha carreira. Sempre corri atrás sozinho, sem ninguém, só com algumas indicações", explica Daniel, que começou nas categorias do Flamengo de Guarulhos e do Santos. "Joguei com o Alan Patrick e treinei com o Neymar, que era uma categoria abaixo da minha. Como profissional atuei na Santacruzense-SP, AD Guarulhos-SP, União Mogi-SP e tive uma passagem pelo Al-Shahaniya do Qatar".

Como não era sempre que o meia estava empregado em uma equipe profissional, ele fazia 'bicos' para sobreviver. "Já trabalhei como vendedor em shopping em final de ano, no setor de RH em uma empresa de condomínios e com entregas de peças automotivas", conta Daniel.

No Five Islands, o jogador ganhava 500 dólares (cerca de R$ 1,9 mil) por mês, além de ter despesas como moradia, comida, wi-fi e tv pagas pelo clube de Antígua e Barbuda. "Como eu jogo em vários times da várzea e recebo por partida, ganho praticamente a mesma coisa do que ganhava no Five Islands. Mas lá era uma oportunidade única e profissional, né! Por isso fui. Não quero ficar jogando na várzea", explica Daniel, que voltou para o Brasil nesta semana após não chegar a um acordo com o time antiguano.

"Como o campeonato nacional acabou, estava negociando com outro clube, mas o presidente do Five Islands não quis me liberar. Ele queria que o outro clube pagasse uma taxa enorme para poder me liberar. Decidi não continuar no time de jeito nenhum depois disso que ele fez", esbraveja o atleta de 25 anos.

O Five Islands foi rebaixado após terminar a Harney Motors Premier League, nome do campeonato nacional de Antígua e Barbuda, na última colocação. O torneio é disputado entre setembro e fevereiro por 10 equipes que se enfrentam em turno e returno. Os quatro primeiros se classificam para a disputa do título e os dois últimos são rebaixados.

"Antígua e Barbuda só tem dois estádios do governo e os jogos são neles", relata Daniel Calvi, que explica que a maioria dos treinos do Five Islands era realizado na praia pela manhã e no campo de treinamento do clube à tarde. Segundo ele, apenas dois brasileiros jogam no país caribenho, que tem média de público de aproximadamente 5 mil pessoas. "O futebol lá é muito forte, de muita força física, mas tecnicamente não é muito bom", completa.

O brasileiro conta que cometeu uma gafe assim que desembarcou no aeroporto de Saint John. "Foram me buscar e fui entrando no carro pelo lado normal, do passageiro. Só que eu não sabia que lá o lado é invertido assim como na Inglaterra. O motorista perguntou se eu queria dirigir e eu não sei falar muito bem o inglês, que é a língua local, mas respondi que não, que não sabia", 

(Fotos: Reprodução/Instagram)

Daniel tem um filho de quatro anos e parou de estudar no segundo ano do colegial, no ensino médio. "Sonho em ajudar minha família e, se possível, jogando futebol que é o que mais amo. Não quero fama nem nada, só quero poder jogar e ajudar minha família. Claro que, como todo jogador, sonho em jogar em um time de elite seja de qualquer país", afirma o canhoto. "Hoje sinto que sou um jogador experiente, não pelo fato de jogar em times grandes, e sim pelo fato de ter uma cabeça formada. Sou um homem guerreiro que sempre buscou um sonho e sempre andou pelos caminhos de Deus", finaliza.

Saiba mais sobre Antígua e Barbuda

Formado por 37 ilhas e 365 praias, o país foi descoberto em 1493 por Cristóvão Colombo, que o colonizou em nome do reino da Espanha. A linha litorânea rochosa e repleta de corais antigamente dificultava a navegação de navios inimigos. Em 1667, Antígua e Barbuda acabou vendida para a Grã-Bretanha, permanecendo sob domínio britânico até o início dos anos 1980, quando finalmente conquistou sua independência.

(Foto: Reprodução/Google Maps)

Colombo batizou a maior ilha de Antígua em homenagem à igreja sevilhana de Santa Maria de Antígua. Com 280 quilômetros quadrados, a ilha é a mais desenvolvida e atrai milhares de turistas. Já a ilha de Barbuda possui 160 quilômetros quadrados e abriga aproximadamente 2% da população antiguana. Redondo, a menor ilha do país com 2 quilômetros quadrados, é formada por rochas e é desabitada.

O turismo é a principal fonte de renda de Antígua e Barbuda. Na capital Saint John, os turistas podem percorrer de caiaque 29 ilhotas inabitadas. Ao longo do trajeto são feitas paradas para nadar e identificar as tartarugas marinhas, fragatas, patos, veados castanhos que correm risco de extinção e peixes-voadores. Outra atividade importante para a economia deste país com população de apenas 90 mil pessoas é a construção civil.

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