03/08/2015 18:33:00 - Atualizado em 04/08/2015 15:33:00

Técnico Eduardo Baptista se livra da sombra do pai, admite ter sido perna de pau e conta como escapou de tsunami no Japão

Neto Miranda/RedeTV!

Técnico é filho de Nelsinho Batista (Foto: Divulgação/Sport)

Eduardo Baptista vem se destacando como um dos principais técnicos da nova geração do futebol brasileiro. No comando do Sport desde o começo de 2014, o treinador de apenas 45 anos superou a decepção de não vingar como jogador profissional e escapou às pressas de tsunami no Japão para encontrar abrigo seguro e uma carreira próspera na capital pernambucana.

A semelhança física não nega, Eduardo é filho de Nelsinho Baptista, um dos únicos sete homens que treinaram os quatro grandes clubes de São Paulo, além de campeão brasileiro em 1990 pelo Corinthians, e da Copa do Brasil em 2008 pelo Sport.

Em entrevista exclusiva para o portal da RedeTV!, Eduardo Baptista respondeu se a idolatria que a torcida rubro-negra tem por seu pai lhe abriu as portas no Leão: "Talvez. A diretoria teve muita coragem e eu agradeço por isso, mas claro que depois eu mostrei meu valor para ser efetivado, principalmente com a conquista da Copa do Nordeste de 2014". 

De certo, o tranquilo campineiro desenvolveu quase toda sua jornada no futebol na função de preparador físico. Formado em Educação Física, ele esteve presente no segundo escalão da comissão técnica de várias equipes de ponta do Brasil, mas aprimorou sua maneira de ser e o sentido tático no outro lado do mundo, nas duas vezes em que acompanhou o pai ao Japão, primeiro de 2003 a 2005 no Nagoya Grampus, e depois entre 2009 e 2011 no Kashiwa Reysol. "Tudo que dizem sobre a obediência e o comprometimento físico dos japoneses é verdade. Eles são muito mais conscientes do que os brasileiros neste aspecto, então sobrava espaço para eu ir além, desenvolver a técnica era um desafio".

A aventura nipônica poderia ter ganho contorno de drama quando em março de 2011 um dos maiores terremotos da história atingiu a Costa de Miyagi, região próxima da qual Eduardo residia. O tsunami provocado pelo abalo sísmico e a consequente destruição do local fez com que a volta ao Brasil fosse tão imediata quanto doída: "O Japão foi o lugar onde fui mais feliz, quero muito morar lá, sou apaixonado pela cultura deles", admite. Mas será que este encanto resistiria até mesmo à chance de treinar na Europa?: "Sim! Meu grande sonho é ser técnico no Japão, retornar para lá é um plano de vida".

Sobre a experiência frustrada que teve ao tentar se tornar um zagueiro nas quatro linhas, Eduardo prefere reagir com bom humor. "Eu era muito afobado. Meu pai era ocupado demais e dei azar porque nas três vezes em que foi me ver jogar eu fui expulso". O conselho de Nelsinho para abandonar os gramados foi acatado com resignação: "Infelizmente eu não tinha qualidade, era uma ilusão, não conseguiria sobreviver", brinca. 

Eduardo Baptista durante treino do Leão (Foto: Divulgação/Sport)

Deixando os sonhos para o futuro e utilizando as lições do passado para evoluir, agora no comando do banco de reservas, Eduardo Baptista avalia com cautela o excelente Campeonato Brasileiro que o time da Ilha do Retiro vem realizando: "Estamos colhendo os frutos de uma base organizada, de uma estrutura de campos de treinamento de primeiro mundo e de um clima saudável dentro do  clube". Não sem razão, ele elogia o trabalho rubro-negro, que no início do ano vendeu a revelação do ataque Joelinton para a Alemanha e agora recebe inúmeras propostas pelo lateral esquerdo Renê.

Segundo Eduardo, a crítica que muitas pessoas fazem a jogadores que estão dando certo hoje no Sport, mas que passaram sem sucesso por equipes como Palmeiras, Vasco e Cruzeiro, por exemplo, são inapropriadas: "André, Marlone e Maikon Leite só precisavam encontrar um ambiente bom e um time encaixadinho para irem longe". Mas será que o Leão tem fôlego para ir tão longe assim? O quarto técnico mais jovem da primeira divisão não titubeia: "Vamos jogo a jogo com muita luta, mas acredito muito que sim". 

Usando a seu favor a experiência de muitos anos como preparador físico, Eduardo também opina sobre um tema polêmico, que rendeu elogios ao Barcelona de Luis Enrique e que está causando alvoroço no São Paulo de Osório: o sistema de rodízio de jogadores num campeonato longo. "Particularmente eu não irei poupar ninguém no Brasileirão. Faria isso numa competição secundária, não na nossa principal. Se outros técnicos podem se dar ao luxo, aí é com eles, mas eu quero sempre ter os melhores em campo", falou, dando a entender que só descansaria estrelas do plantel em jogos da Copa Sul-Americana.

Sobre as recentes acusações à imprensa pernambucana realizadas pelo técnico Lisca do Náutico no portal da RedeTV!, Eduardo se posiciona totalmente em desacordo com o adversário. "Eu nunca tive qualquer problema com os repórteres daqui, muito pelo contrário, sou tratado com todo o respeito", completa em tom de alfinetada.

Único representante do Nordeste na atual edição do Campeonato Brasileiro, o Sport está perto de ser o primeiro time da região a terminar o turno no grupo dos quatro melhores colocados desde que a fórmula dos pontos corridos foi implementada, em 2003.


Técnico é considerado uma das revelações do Brasileirão (Foto: Divulgação/Sport)

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