Com raras apostas da base no profissional, Corinthians 'liquida' garotos
Vítor Marques/Agência EstadoSe a negociação for concretizada, o Corinthians receberá R$ 3,5 milhões pela transferência. Esse é o valor correspondente a 70% dos direitos econômicos do atleta - os outros 30% pertencem a empresários.
Em 2013, aconteceu algo semelhante com o zagueiro Marquinhos, hoje no PSG. Marquinhos havia defendido o Corinthians em apenas 14 jogos antes de ser negociado com a Roma. Em menos de um ano, o clube italiano, que havia pago R$ 20 milhões por Marquinhos, vendeu o atleta ao PSG por R$ 100 milhões. O Corinthians ficou com 5% dessa transação.
No acordo da venda de Cassini, o Corinthians fica com 10% de uma futura venda. É uma maneira de faturar caso o jogador se destaque no Palermo, time mediano da Itália, e seja negociado com outro clube europeu.
Cassini foi promovido ao elenco profissional logo depois de o Corinthians conquistar a Copa São Paulo deste ano. Ele sofreu uma lesão no púbis, voltou a treinar com o elenco, mas não foi aproveitado por Tite.
Os casos de Marquinhos e de Cassini têm algo em comum. Independentemente do momento do time, eles têm a sensação de que não vão jogar, segundo apurou a reportagem. Como, na visão deles, a chance no time não aparece, fazem pressão para sair do clube.
Nas redes sociais e nos fóruns de torcedores do Corinthians, a diretoria foi criticada por vender um jogador que sequer atuou nos profissionais. Mas o ex-presidente Andrés Sanchez usou o Twitter para defender o clube. "Ninguém quer vender, ele quer ir embora. Se não for agora, em um ano sai de graça", escreveu Andrés. Quando Marquinhos foi vendido, dirigentes diziam que o pai do atleta forçou a saída do clube.
Tite era o treinador do Corinthians quando Marquinhos foi vendido. O time vivia seu auge, campeão da Libertadores e do Mundial. Quem trabalha nas categorias de base achava que a boa fase do time praticamente impedia jogadores formados no clube tivessem chance entre os profissionais.
Malcom ganhou sua primeira oportunidade com Mano e virou titular com Tite depois que Emerson Sheik perdeu espaço. O seu contrato foi renovado até 2019.
Outros jogadores que vieram da base não tiveram a mesma sorte: o lateral-esquerdo Guilherme Arana foi emprestado ao Atlético Paranaense, o zagueiro Pedro Henrique e o atacante Gustavo Tocantins foram cedidos ao Bragantino.
A reportagem apurou que o clube gasta cerca de R$ 20 milhões por ano com as categorias de base. O CT voltado à base ainda não ficou pronto. E não há data para ser inaugurado. Por falta de dinheiro, a obra atrasou.