15/02/2018 19:54:00 - Atualizado em 10/04/2018 15:18:00

Argentino pedindo 'arrego' e mordida na orelha! Evair e Amaral relembram Palmeiras 6x1 Boca Juniors em 1994

André Lucena e José Ayan Júnior/RedeTV!


A vitória por 6 a 1 contra o Boca foi a segunda maior goleada do Palmeiras na Libertadores
(Foto: Reprodução)

Derrotado na final de 2000 e eliminado nas semifinais de 2001, o Palmeiras tem o Boca Juniors como um de seus maiores algozes na Libertadores. No entanto, o primeiro duelo entre as equipes na competição continental foi inesquecível para os palmeirenses: uma histórica goleada por 6 a 1 no dia 9 de março de 1994, no Palestra Itália.

Protagonista daquela partida com dois gols, sendo um de pênalti, além de uma assistência de calcanhar para Roberto Carlos, Evair considera sua atuação contra o Boca como a melhor com a camisa do Palmeiras, superando até a final do Campeonato Paulista de 1993.

"Aquele dia foi a melhor partida que eu fiz pelo Palmeiras. Foi uma noite em que todos estavam inspirados, tudo deu certo, desde as jogadas treinadas até o improviso que acontece no jogo. O Boca deu trabalho no primeiro tempo, mas a gente sabe que o argentino vem só pra isso, para segurar o resultado e tentar sair no contra-ataque", diz Evair em entrevista ao portal da RedeTV!.

O ex-centroavante ainda relembra que Mac Allister, então lateral-esquerdo do Boca Juniors, pediu que os jogadores brasileiros parassem de atacar durante o segundo tempo: "Chegou um certo momento do jogo que ele falou: 'Chega! Já está bom'. Já estava 4 a 0 e quando um argentino fala isso...".

Titular na ilustre partida, o ex-volante Amaral lembra que foi agredido e sofreu preconceito em campo: "Foi um jogo bastante complicado porque argentino e brasileiro naquela época não podiam se ver. Hoje eles dão beijinho no rosto. Os jogadores do Boca falavam 'la concha de tu madre' e eu não entendia nada. Também me chamavam de 'negrito'. Mas o pior foi o Mancuso que mordeu minha orelha e tirou até um pedacinho. Em 1995, ele foi comprado pelo Palmeiras e brinquei: 'Quero o pedacinho da minha orelha de volta' (risos)".

Questionado se ficava incomodado com as ofensas dos argentinos, Amaral é taxativo em dizer que os xingamentos serviam de combustível para ele em campo.

"Antigamente tirávamos isso de letra. A melhor resposta era o silêncio. Não era racismo, só provocação. Hoje tem câmera, leitura labial... Quanto mais eles xingavam, mais dava vontade de correr", completa.

Para o ex-volante, se a goleada acontecesse hoje a repercussão seria maior: "Antigamente não davam muito valor e a vitória não repercutiu muito. Se fosse hoje seria um jogo marcante do qual todos iriam se lembrar".

Quatro semanas depois, no dia 30 de março de 1994, o Palmeiras foi derrotado pelo Boca Juniors por 2 a 1 na Bombonera. O goleiro Sérgio, o zagueiro Cléber e o lateral-esquerdo Roberto Carlos foram expulsos. Amaral, que começou no banco e entrou no lugar do meia Zinho, conta que o elenco palmeirense foi hostilizado quando chegou no aeroporto de Buenos Aires: "A obrigação deles era ganhar. Houve muita provocação, pois eles acharam que quando estava 6 a 0 queríamos dar 'olé'. Eles diziam que quando fôssemos para a Argentina iríamos levar o troco dentro e fora do campo".

Assista aos melhores momentos de Palmeiras 6x1 Boca Juniors na Libertadores de 1994:

O grupo 2 da Libertadores de 1994 terminou com o Vélez Sarsfield em primeiro lugar, Cruzeiro em segundo e Palmeiras em terceiro, todos classificados para as oitavas de final. O Boca foi eliminado com apenas uma vitória, justamente contra o Verdão, e viu o Vélez, de Carlos Biachi, posteriormente vencer o São Paulo nos pênaltis na finalíssima disputada no Morumbi. 

No retrospecto geral em Libertadores, Palmeiras e Boca Juniors se enfrentaram em seis oportunidades, com uma vitória para cada lado e quatro empates.

Os clubes foram sorteados para o grupo 8 na Libertadores de 2018 e se enfrentarão nesta quarta-feira (11), no Allianz Parque, e no dia 25 de abril na Bombonera. "Hoje o Palmeiras tem um time recheado de craques no papel, um dos melhores da América do Sul, e tem que começar a desempenhar dentro de campo, mostrar o investimento que foi feito. O Boca também tem um investimento muito grande e tem o Carlitos Tevez. Vai ser um teste grande e o Palmeiras não pode entrar na onda deles. Se tomar tapa na cara e cusparada tem que ficar quieto, pois se o jogador não está preparado ele pode ser expulso e acabar com um trabalho de uma semana toda", opina Amaral.

"É um duelo sempre de igual para igual. Palmeiras tem algumas vantagens, montou um time para todos os campeonatos. Acredito eu que tem certo favoritismo, mas o Boca sempre é perigoso", afirma Evair. "Felipe Melo e Tevez será um atrativo à parte. O Felipe tem falado menos e a capacidade técnica tem sido muito grande. Acredito que seja totalmente diferente de 2016. O grupo também parece mais focado e isso tem feito diferença. Dentro do vestiário o time se conscientizou mais", completa o 'Matador'.


Argentinos classificaram derrota do Boca Juniors em 1994 como 'humilhação'
(Foto: Reprodução/Jornal Clarín)

FICHA TÉCNICA
 
Data: 9 de março de 1994
Local: Estádio Palestra Itália, São Paulo (SP)
Árbitro: Juan Francisco Escobar (Paraguai)
Público: 18.875
Palmeiras: Sérgio; Cláudio, Antônio Carlos, Cléber e Roberto Carlos; César Sampaio (Tonhão), Amaral, Mazinho (Jean Carlo) e Zinho; Edílson e Evair. Técnico: Vanderlei Luxemburgo.
Boca Juniors: Navarro Montoya; Soñora, Noriega, Giuntini e Mac Allister; Peralta, Mancuso, Márcico e Carranza; Martinez e Da Silva (Acosta). Técnico: César Menotti.
Gols: Cléber, aos 15 do 1° tempo; Roberto Carlos, aos 6, Edílson, aos 9, Evair (pênalti), aos 20, e aos 26, Jean Carlo, aos 33, e Martinez (pênalti), aos 34 do 2° tempo.

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