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DESVENDANDO A TECNOLOGIA
Cláudio Boghi é administrador de empresas, analista de sistemas e possui MBA em Tecnologia Educacional. É mestre em administração de empresas e em ciência da tecnologia pela USP. Atua como consultor há mais de 27 anos em tecnologia da informação e em gestão socioambiental.
 
 
postado em 04/04/2018 17h09

Cerâmica uma boa alternativa

Cerâmica com autocicatrização

Usando uma analogia com os mecanismos de cicatrização óssea dos animais, pesquisadores da Universidade Nacional de Yokohama, no Japão, adicionaram um ativador de cicatrização a uma cerâmica industrial que permitiu que a cerâmica eliminasse completamente rachaduras em apenas um minuto.

As cerâmicas com capacidade de autocura (é uma série de procedimentos adotados para controlar a cerâmica, para que a mesma endureça corretamente) foram descobertas por um grupo de pesquisa da mesma universidade em 1995. Leves e resistentes ao calor, elas atraíram a atenção global pelo seu potencial uso como material para turbinas em motores de aviões.

No entanto, os mecanismos da autocura não foram totalmente compreendidos e as rachaduras são curadas completamente apenas dentro de uma faixa de temperatura entre 1.200 e 1.300° C por longos períodos no forno. Desde então, várias equipes vêm tentando identificar o mecanismo de autocura para desenvolver cerâmicas de autocura rápida dentro de uma faixa de temperatura maior.


(Foto:Pexels)

Cerâmica cicatriza como osso

Toshio Osada e seus colegas descobriram agora que as cerâmicas que se cicatrizam sozinhas passam por três estágios de cura análogos aos processos de cicatrização óssea: inflamação, reparo e remodelação.

Quando uma cerâmica racha, o oxigênio entra através da rachadura e reage com o carbeto de silício - um componente cerâmico - para formar dióxido de silício (o estágio de inflamação). A alumina - um material cerâmico básico - e o dióxido de silício reagem então para formar um material de enchimento, selando a fenda (o estágio de reparo). Finalmente, o material de preenchimento cristaliza para restaurar a resistência original na parte quebrada (o estágio de remodelação).

Ampliando a analogia, com base no fato de que a rede de fluidos corporais nos seres humanos é essencial para a cicatrização dos ossos danificados, Osada adicionou uma quantidade-traço de um ativador de cicatrização - óxido de manganês - aos limites entre os grãos de alumina na cerâmica, que formam uma estrutura de rede 3D.

O resultado não poderia ser melhor: As cerâmicas cicatrizaram em apenas um minuto a 1.000° C, em comparação com as cerâmicas de autocura convencionais, que cicatrizam as fissuras depois de 1.000 horas a temperaturas mais elevadas. E 1.000° C é justamente a temperatura de operação das turbinas de avião, o que significa que o material estará operando na temperatura perfeita para que ela se recupere de qualquer dano eventual.

Com base nesses resultados, a equipe está partindo agora para sintetizar cerâmicas resistentes ao calor que nunca se romperão quando rachadas. Para isso, eles planejam selecionar os melhores ativadores de cicatrização e manipular com precisão sua dispersão nos grânulos do material, melhorando a capacidade de autocura da cerâmica.

Fontes: a) A Novel Design Approach for Self-Crack-Healing Structural Ceramics with 3D Networks of Healing Activator
Toshio Osada, Kiichi Kamoda, Masanori Mitome, Toru Hara, Taichi Abe, Yuki Tamagawa, Wataru Nakao, Takahito Ohmura
Nature Scientific Reports
Vol.: 7, Article number: 17853
DOI: 10.1038/s41598-017-17942-6

b) http:// http://www.inovacaotecnologica.com.br/ - Inovação Tecnológica, visitado em 23/03/2018.
 

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